Blue Period #2 | A arte e a expressão da alma

Blue Period #2 | A arte e a expressão da alma

Semestre da faculdade acabou finalmente, ainda dá tempo de acompanhar a temporada?

Sim?
Então ok, obrigado pela compreensão e vamos lá!

Neste segundo episódio temos as consequências diretas do que vemos na estreia, onde vimos como a arte deu um novo ânimo a vida de Yatora, e agora vemos como ele lida com esse novo elemento que passa a motivar sua vida, lhe dá um novo norte. Mas motivação não é o suficiente aqui, pois os percalços ao seu redor continuam existindo.

Por conta de sua escolha de entrar para uma faculdade de arte, ele precisa enfrentar a pressão dos pais sobre sua escolha, sobretudo de sua mãe, para quem demonstra através de seus esforços para aprimorar seus desenhos e pela forma como enxerga sua mãe através da arte que esse é o caminho certo que deve seguir, vencendo suas dúvidas iniciais e cruzando o primeiro limiar em direção a sua paixão pela arte.

É interessante notar que o anime faz questão de ser o mais pé no chão que pode ser, afinal poderíamos estar vendo a história de um garoto prodígio que encontra a arte e tudo mais, mas a história decidiu seguir pelo caminho do estudante fascinado por arte que vence através do esforço, uma maneira de contar a história que é mais complicada de se tornar crível se não for bem contada, então já é um ponto positivo pra narrativa.

O ponto alto desse aspecto no episódio da semana é a sua entrada no clube de arte e como ela foi abordada. Conseguimos nos conectar facilmente com os dilemas vividos por Yatora, suas inseguranças sobre a forma como ele vê seus desenhos e em como o ambiente do clube influencia ao seu redor tanto de forma negativa como positiva.

Vemos isso quando ele se compara com Mori e em como ela está num nível muito superior, e mesmo assim acaba levando um baque ao saber que ela estava entre as piores de outra turma, tendo ali a primeira visão direta de que existe todo um mundo repleto de pessoas que com certeza tem muito mais talento que ele, ou então anos e anos de experiência. Mas, ao mesmo tempo, ele vê na garota uma inspiração para melhorar como artista e uma maneira de encontrar coragem para persistir no seu sonho mesmo se considerando inferior ao demais.

Talvez uma coisa que o anime tenha errado nesse episódio seja o ritmo em que a história está sendo contada, porque parando para pensar, a história começa na primavera, início do ano letivo japonês. Neste episódio o acompanhamos praticando nas férias, então o anúncio da Mori entrando na faculdade, que vemos no fim do episódio, foi no outono, já na época de formatura. Ou seja, já foi um ano desde que ele deixou de ser alguém que descobriu a arte e passou a ser um artista de fato, mas não aparenta ter passado todo esse tempo, parece que os acontecimentos da trama perdem um pouco o peso por conta disso tudo acontecer em dois episódios. Os pontos-chave da narrativa estão todos lá, não são apenas contados mas sim vistos pelo espectador, o que é importante.

Nós o vemos lidar com um novo ambiente, onde ele deixa de ser o aluno que consegue se sair bem em todas as áreas para ser alguém aprendendo sobre o que ama do zero, e já com uma pressão absurda sobre os ombros colocada por si próprio, de querer melhorar mais e mais até chegar no nível das obras que ele admira. Fica claro isso quando se incomoda em receber elogios, por se considerar pior do que seus colegas de clube, algo novo para alguém que era constantemente elogiado antes de ser artista, porque esse sentimento de não se sentir bom o suficiente o consome, trazendo a sequência dele desenhando nas férias, incansável com um novo desenho todo dia e melhorando cada vez mais durante esse processo.

Isso tudo é sim importante de ser visto, mas fico com a sensação de perdemos coisas importantes nesse ano e que poderia ter sido melhor organizado para dar um pouco mais de peso a esse crescimento individual do Yatora, isso sem contar outros conflitos menores como a relação com seus amigos desde que começou a desenhar ou uma maior profundidade na relação com sua mãe, que poderia ser mais profunda narrativamente falando, fico meio direta demais, mas nada que passe por cima da suspensão de descrença, então dá para relevar.

Por falar nisso, embora toda essa situação da relação com sua mãe e seu interesse pela arte também acabe sendo um pouco corrida em relação ao ritmo, ainda é o momento mais belo do anime até então. É emocionante como Yatora retrata sua mãe e o cotidiano em família através de seu desenho, até então despretensioso, mas está tudo ali nos detalhes, os sacrifícios que ela faz pela família e sobre como ela é por conta disso. É uma cena incrível porque arte é isso, vai muito além do que está sendo visto ou ouvido na superfície, tem toda uma mensagem que o artista quer passar nas várias nuances e detalhes de sua arte.

Por conta de momentos como esses que estou muito animado para conhecer mais da história. A construção de personagem do Yatora vem sim sendo ótima, é muito legal ver como ele está crescendo como artista e agora recebendo a aceitação da família para seguir esse caminho, porém penso que o ritmo acelerado pode quebrar a importância dessas pequenas conquistas, o que é um problema para uma história com bastante potencial. No mais, estou de braços abertos para novas formas que o Yatora vai usar para continuar tocando as pessoas com sua arte!

Vitto

Após fracassar em conseguir uma armadura de bronze, decidiu escrever sobre cultura japonesa. De vez em quando sai algo bacana. Já te disse que tenho um blog?
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