Blue Period #3 | Vamos expandir o núcleo de personagens

No episódio da semana, vemos Yaguchi e Yuka entrando no curso preparatório de artes e conhecendo seus primeiros obstáculos para entrar na faculdade, se deparando com pessoas mais talentosas e deixando, de fato claro, que existem sim pessoas naturalmente talentosas nesse meio, e para algumas delas a arte é quase como um ramo da família, está no sangue.
Porém, esse ambiente não os abala, afinal como dito por Yuka, se existe uma inveja por aquela pessoa, é porque você quer alcançar seu nível um dia, então não tem por que tratá-los como deuses, apenas continuar com o esforço que o trouxe até aqui. Porém, a arte não é uma ciência exata, e as vezes transmitir para uma obra aquilo se sente pode ser mais complicado do que se imagina.
A busca pela identidade foi a toada desse episódio, seja no âmbito artístico para Yaguchi, ou no âmbito pessoal para Yuka, pois os dois viveram o mesmo dilema mesmo que não tenha ficado exatamente claro, ambos ficaram entre se encaixar no ideal que a sociedade propõe para eles ou ser feliz do seu jeito, mesmo que essa felicidade os faça sofrer.
Nós continuamos vendo a construção do Yaguchi como um artista e em como ele é afetado quanto mais conhece sobre arte, porém achei meio estranho a abordagem que foi dada sobre sua percepção artística nesse episódio. Terminamos o episódio passado vendo como a visão que ele tem da rotina de sua mãe muda a forma como a desenha e tudo mais, e daí chegamos nesse e parece que não houve evolução, o personagem volta a interagir com arte apenas em duas dimensões, somente pelo que vê, superficialmente falando. Me pareceu meio forçado para reforçar que estamos lidando com um artista iniciante, o que acabou deixando os episódios com a sensação de estarem desconexos.
Aliás, esse foi um problema que me incomodou bastante. Não sei se perceberam, mas as cenas não pareciam conversar muito bem entre si, os cortes de uma sequência para a outra estavam muito agressivos, como se a direção tivesse limado boa parte dos diálogos que deveriam estar ali. Dá a sensação de que a história avança do ponto A ao B sem se preocupar muito com o percurso entre pontos, mostrando apenas o mínimo para ficar compreensível e planificando todo o caminho até esses momentos específicos que fazem a história andar.
Essa já é uma questão recorrente desde o episódio passado, mas aqui ela realmente virou um problema porque nada acabou soando de fato importante. A história ia passando, chegava ao fim do episódio e ele não agregou em muita coisa, mesmo tendo bastante coisa importante acontecendo ali, como o primeiro contato com seus colegas de curso e em suas primeiras impressões sobre aquelas personalidades únicas e talentosas, ou em como é triste e doloroso todo o dilema que Yuka vive sobre ser aceito da forma que é e poder ser feliz assim. A direção é realmente preocupante nesse momento e pode acabar estragando o anime!
Sobre os personagens, é engraçado notar que ninguém naquela turma é exatamente normal. Temos o grande talento da sala que é mega extrovertido; o artista mais extrovertido, que gosta de se expressar de forma mais abstrata; a garota que vem de uma família de artistas e que eu não me surpreenderia se não quisesse seguir nessa vida de artista de verdade; e tem o Yaguchi, que é só… um garoto normal.
Um cara normal que descobriu a arte há pouco mais de um ano e que não sabe ao certo o que busca expressar através dela, mas está tentando descobrir isso durante sua jornada. É justamente isso que o diferencia dos demais, todos os seus colegas já parecem ter encontrado sua inspiração, aquilo que transborda sua alma e precisa ser expressado em forma de arte, que muda sua personalidade, enquanto Yaguchi está sempre buscando inspiração enquanto estuda, por não saber ainda ao certo o que quer expressar.
Por enquanto, ainda está sendo uma boa experiência. A história, por mais acelerada que ela esteja, ainda consegue ser cativante por conta da construção do Yaguchi como artista e como pessoa no fim das contas, afinal ele está construindo sua personalidade e descobrindo que mensagem ele quer passar para o mundo, num momento que está saindo da juventude para a fase adulta, o momento de formação de caráter.
Quero muito ver como essa construção irá se relacionar com o Yuka, pois acredito que eles encontrarão um no outro a luz que precisam para encontrarem seu caminho, o paralelo construído entre ambos nesse episódio deixou bem claro que isso pode ser feito caso a direção queira, e penso que pode ser uma boa história para o anime.
O problema todo é justamente a direção muito corrida que pode acabar com esse desenvolvimento, além da queda de qualidade da animação, que deixou os personagens um pouco mais inexpressivos, além das artes estarem um pouco menos chamativas do que nos episódios anteriores. Vamos torcer que não seja um problema maior daqui pra frente.
Até amanhã pessoal!