Platinum End #2 | Lógica pra que?

Platinum End #2 | Lógica pra que?

Quero viver em um mundo habitado por criaturas 3D bizarras como o Metropoliman!!!

Enfim, começamos esse segundo episódio entendendo um pouco mais sobre como o primeiro candidato a deus se revelou e posteriormente foi morto, vendo como ele usou seus poderes para forçar diversas idols e garotas famosas e se apaixonarem por ele. Assim, não que isso seja importante, afinal ele é um personagem descartável que serve apenas para mostrar que o jogo está acontecendo, que alguém já morreu, então não faz muito sentido voltar a ele aqui, visto que ele já cumpriu sua função no fim do episódio anterior.

Acho que a Nasse fala em um determinado momento que os escolhidos a deus são pessoas que desistiram de viver ou algo do tipo, então faz sentido ter um personagem assim, desse arquétipo da pessoa que desiste do mundo e se torna alguém podre, sem escrúpulos, mas todos esses detalhes sobre o personagem já ficaram claros naqueles poucos segundos que ele apareceu. Ficou a sensação que não tem muito a se contar da história, para ter que perder metade do episódio só com isso.

A sensação que eu fiquei nesse momento foi de que estava vendo um anime sem alma, feito de forma apenas comercial. Não me entendam mal, eu sei que hoje os animes e outras formas de arte transcenderam o status apenas de arte para se adequar ao mercado, e não tem nada de errado nisso, mas esse deveria ser o caminho natural. Aqui parece que foi o contrário, começaram pensando no que dá retorno financeiro, para só depois pensar em como encaixar isso à narrativa, estilo e animação e coisas do tipo.

Personagem bizarro + 3D bizarro

A história toda se desenvolve em Battle Royale, estilo muito popular em diversas mídias, principalmente nos jogos; entre os candidatos a deus nós já conhecemos o protagonista depressivo padrão, o tarado, o vilão misterioso que se disfarça de super sentai como parte de algum plano maluco… Tudo ok, é bom que os candidatos sejam de diferentes espectros, muitas personalidades diferentes para o autor representar a sociedade como um todo, o que é bom, porém fica claro que isso está servindo apenas para pegar o que mais faz sucesso no Japão e jogar em tela, e não fica algo orgânico.

Por conta disso, é muito mais difícil me importar com as regras que o autor tenta instituir, isso sem contar o fato de que muitas vezes ou elas não fazem sentido ou algum personagem contradiz uma delas em algum momento. Deixando de lado o fato de que entregar o cargo de deus para alguém que desistiu de viver não parece uma boa ideia, um exemplo de como não tem muita lógica aqui é o Mirai descobrindo que não pode devolver suas asas e flecha, senão ele morre. Faz sentido por conta dele ter ganho isso ao ser salvo antes de um suicídio, exceto pelo fato de que ao final dos 999 dias ele vai morrer de qualquer jeito, ganhando ou não o jogo. Se ele vai morrer de qualquer jeito, então de que importa sua busca por uma vida feliz e normal, tão destacada nos flashbacks?

Tem tantas coisas sem sentido que poderiam ser citadas, como o comportamento do protagonista, que chega a ser irritante. O personagem está abertamente buscando ser feliz, determinado em cumprir o que sua mãe sempre dizia sobre felicidade, em como todos devem ser felizes, então que forma melhor de fazer isso do que sendo deus, tornando a vida de todos felizes, tudo certo. Então qual o sentido dele continuar sempre depressivo, sem expressão?

Isso faz com que o personagem não seja crível porque deixa ele raso, afinal nada que acontece a sua volta muda sua forma de se expressar. Precisou ele indiretamente matar a própria tia na estreia pra vermos algo diferente dele, mas mesmo assim já nesse segundo episódio a morte já está banalizada para ele. Isso, é claro, muda totalmente de figura no fim do episódio quando ele encontra outro anjo no colégio e fica completamente chocado, mesmo que já passe o dia com um anjo ao seu lado. Porque isso? oras, porque o roteiro quer, simples assim.

Infelizmente, não é uma experiência muito prazerosa até agora. Lá no fundo, existe um conceito legal aqui, mas é tudo tão estragado pelos furos do anime e pelas decisões idiotas de roteiro, que muito pouca coisa acaba se salvando. E o pior de tudo é que são erros bobos, algo que você não espera de uma dupla experiente como Ohba/Obata, coisas simples de resolver, começando por fazer o protagonista agir como uma pessoa normal ou pelo menos agir estar de acordo com o que ele fala, para deixar o personagem minimamente crível, ou então fazer com que todos os anjos dessem os mesmo poderes para todos os candidatos, fazendo com que a única coisa diferente entre eles seja a estratégia. Algo nesse sentido para os criadores de Death Note seria um prato cheio, mas parece que não estavam muito afim de esforçar na história ou apenas queriam dinheiro mesmo.

Depois desse episódio, minhas expectativas baixaram muito e não é muito difícil prever o que vem agora. Dos candidatos restantes, pelo que sei do começo do mangá, sobram o Mirai e seu interesse amoroso de sua escola, então é provável que novos candidatos ligados a escola apareçam, e tudo se passe nesse ambiente escolar, convenientemente. Metropoliman foi mostrado como o grande vilão da obra, então devemos ver algo bem polarizado entre os dois personagens, com os demais participantes aparecendo gradualmente para acrescentar camadas a essa polarização. É, certamente eu não recomendo esse anime, mas agora que já começamos vamos até o fim!

Vitto

Após fracassar em conseguir uma armadura de bronze, decidiu escrever sobre cultura japonesa. De vez em quando sai algo bacana. Já te disse que tenho um blog?
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