Platinum End #3 | Ano novo, velhos problemas

Bom dia jovens, feliz ano novo finalmente!
Mais uma vez mostrando que não está morto, só está muito atrasado, este blog ressurge das cinzas para voltar com os artigos de temporada e, aos poucos, voltar com a frequência normal de postagens. Não desistam de mim ainda porque dessa vez vai!
Pois bem, o ano é novo mas o anime continua ruim igual, então continuamos diretamente do encontro do Mirai com o Revel, o novo anjo que faz o personagem ser incapaz de fingir que não tem nada acontecendo ali e disfarçar que está vendo alguma coisa, fazendo com que Mirai seja logo descoberto como um dos candidatos a deus e, na sequência, sendo atingindo por uma flecha vermelha vinda de Saki, a garota por quem ele sempre foi apaixonado.
Antes de destacar o quanto o anime vem sendo previsível até o momento, é importante falar que o roteirista tem uma dificuldade séria de fazer com que esses personagens sejam críveis. Esse primeiro momento é só um, de vários do episódio, que mostra que se fosse algo mais realista, com certeza o Mirai seria o primeiro a morrer porque ele sempre faz tudo que não deve fazer.
Mas mesmo assim a narrativa não se importa com isso, afinal ele é protagonista, precisam dele pra contar a história. Não tinha motivo nenhum para tamanha surpresa ao ver um anjo na escola, afinal ele já viu e interagiu com a Nasse, bastava agir normalmente, mas o personagem precisa ser completamente abobado pra história seguir, então vamos em frente porque agora ele já foi flechado.
E como convenientemente a flecha veio do seu grande amor de infância, o episódio serviu para apresentar um pouco desse romance. Embora a coragem do Mirai para se declarar só tenha acontecido por conta da flecha, isso pelo menos serviu para fazer com que esse sentimento viesse a tona, mesmo que tenha sido estranhamente apresentado. Digo, eu fiquei com a sensação de que o anime presumiu que o espectador já soubesse do passado deles e por isso não fez muita questão de explicar, no maior estilo: “olha, vocês já sabem que eles vão ser um casal padrão, preciso dizer mais alguma coisa?”

É algo bem preguiçoso, mas combina com o fato do resto do anime estar muito rápido e, consequentemente, muito raso. Sempre surge uma informação nova do nada pra tapar um buraco que aparece, sendo que são coisas que deviam ser explicadas desde o começo ou no mínimo presumidas pelos personagens ou pelo espectador, como o plano do Revel de fazer com que a Saki ganhasse asas e flechas, nem que o Mirai acabe morrendo no processo; ou de explicar porque todos os candidatos estão no Japão, por conta da alta taxa de suicídio. Enfim, informações aqui e ali que poderiam ser melhor encaixadas ao invés de estarem jogadas nos episódios quando o autor percebe que esqueceu de explicar alguma coisa antes.
Outra coisa que vem me incomodando no anime, mas que apareceu bastante nesse episódio, é sobre como ele fica o tempo todo tentando usar o padrão Death Note de pensamento. Tem sempre um plano, uma estratégia pensada com X movimentos de antecedência, mas que na verdade acaba sendo muito mal feito. É uma forçada de barra tão grande pra fazer com que tudo seja um grande plano que a história acaba perdendo o rumo.
Primeiro a ideia genial do Revel que iria acabar matando o Mirai mas que acabou servindo mais como alívio cômico do que qualquer outra coisa, depois o Metropoliman percebendo que se revelar publicamente como um candidato a deus e dizer que vai matar os demais não foi exatamente a melhor ideia de todas. Então ele, com toda a sua genialidade, decide mudar repentinamente de rumo e dizer que quer conversar com os demais candidatos, numa clara armadilha que ainda se demonstra efetiva, visto que pelo menos dois deles tentaram o atacar no final do episódio. Essa sequência toda é pra chamar o espectador de idiota.
Pra fechar o episódio, chegamos a cena do estádio e o gancho final do porque o Metropoliman não é atingido pela flecha vermelha. Mas sinceramente, isso não importa muito, não consigo me importar, tá tudo muito esquisito ali. Mirai e Saki decidem ir no estádio para ver o que vai acontecer e, mais uma vez provando que só faz o errado, Mirai entra no estádio olhando diretamente pros anjos, quase que se tornando um alvo para qualquer olhar mais atento, como dos drones no local por exemplo. Ou porque não estranhar um casal completamente paralisado, fazendo uma cara de pânico, enquanto está todo mundo tranquilo e ansioso esperando o que pode acontecer?
Tá tudo tão errado nesse ambiente que o que vier como gancho final é lucro, então não tem como reclamar.

É uma pena pensar que, a cada episódio, diminuem as esperanças de sair algo bom daqui. Temos por enquanto um protagonista sem personalidade, um vilão pseudo-gênio e uma garota sem muitos objetivos na vida, onde talvez resida um fio de esperança que salve o anime. Visto que um dos candidatos a deus já morreu, já conhecemos esses três que não convencem muito, e os outros dois que apareceram no fim do episódio parecem completamente descartáveis, então restam sete para tentar fazer a história engrenar. Digo, metade dos candidatos já apareceu e nenhum deles tem carisma o bastante pra conquistar o espectador, em um anime que o foco deveria ser justamente em personagens bem construídos, afinal eles é que vão fazer as engrenagens rodarem, o plano de fundo e todo o resto são apenas detalhes.
Nos resta torcer para que novos personagens salvem a trama, porque olha… ela respira por aparelhos. Algumas coisas aqui e ali se salvam nesse episódio, como a interação dos anjos sobre suas características marcantes, da Nasse ser conhecida por conta de sua pureza e tudo mais, ou a curiosidade gerada na personalidade da Saki que não foi de fato apresentada ainda, mas todo resto do anime acaba afundando na lama de suas próprias escolhas erradas.